quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os Contos de Hoffmann


Os contos de Hoffmann. (Les contes d’Hoffmann)


Minha memória musical traz para vocês hoje fragmento da opera de Jacques Offenbach, denominada Os contos de Hoffmann. (Les contes d’Hoffmann).
Jacques Offenbach nasceu em Colônia, Alemanha em 20 de junho de 1819 e morreu em Paris em
5 de outubro de 1880. Seu verdadeiro nome era Jacob Ebert. Offenbach trilhou os primeiros passos da música pelas mãos de seu pai _ Isaac, Chazan (cantor) da Sinagoga . Adolescente, de 12 anos, Jacob era violoncelista primoroso. Aproveitando o talento do filho, seu pais o mandaram a Parias, onde recebeu a melhor educação musical. Em Paris atuou na Orquestra a do Théâtre national de l'Opéra-Comique, quando desenvolveu parceria musical e uma grande amizade com o pianista e compositor Friedrich von Flotow.
O compositor adotou uma nova identidade, e trocou seu sobrenome para Offenbach, numa homenagem à cidade natal de seu pai, Offenbach am Main. A critica denominou Offenback de “Liszt do violoncelo”. Ele compôs vários obras para esse instrumento e participu de série de concertos em vários capitais européias. Paris começou a viver o período de frivolidade e decadência do Segundo Império, em 1858. Administrada pelo Barão Georges-Eugène Haussmann, Paris passava por um moderno processo de urbanização, caracterizado pela abertura de novas e amplas avenidas, chamadas boulevards. Os espetáculos teatrais começaram a explorar com humor, o espírito, a inteligência e o divertimento, característicos da vida parisiense.

Nesta época Offenbach estreou sua primeira opereta _ Orfeu no Inferno, onde um de seus temas musicais, o Can-Can, adquiriu notoriedade internacional. Num espaço de dez anos ele escreveu noventa operetas, a maioria de grande sucesso, como La Belle Hélène, La Vie Parisienne, La Grande-duchesse de Gérolstein e La Princesse de Trébizonde. Segundo Carpeaux, Offenbach regeu o can-can que as platéias dançavam, sendo um participante embriagado e espectador cínico da orgia.
Em 1870, a França foi derrotada na guerra franco-prussiana, pelas tropas de Otto Von Bismarck. A derrocada francesa e os incêndios da comuna de Paris colocaram um final na temporada de danças, risos e champanhe. Offengach entrou em profunda depressão. Depois de um malogrado tour pelos Estados Unidos e com sua fortuna dilapidada, Offenbach passou a demonstrar um amargo arrependimento por ter desperdiçado seu talento, compondo músicas populares e de gosto duvidoso.

Atraído pelas histórias fantásticas do escritor e compositor alemão Ernst Theodor Amadeus Wilhelm Hoffmann, ele se na tarefa de compor uma ópera séria que ficasse para a posteridade. Com 60 anos e muito doente, ele trabalhou com afinco para concluir Os contos de Hoffmann. O criador de operetas, não conseguiu realizar o grande sonho de assistir a montagem de sua primeira grande ópera de sucesso. Ele morreu em Paris, no dia cinco de outubro de 1880 e a estréia de sua jóia musical só iria ocorrer cinco meses após. A opera foi considerada o maior evento da temporada, atingindo um recorde de 101 apresentações.
A história da ópera, em apertada síntese é a seguinte: A ópera é dividida em cinco atos. O primeiro ato inicia na noite. Espíritos invisíveis da cerveja e do vinho cantam um hino à bebida.
A Musa da Poesia aparece e anuncia que quer recuperar Hoffmann, que, na sua busca pela mulher ideal, é perturbado toda noite pela imagem ilusória de uma cantora, que está cantando, no palco, musica do "divino Mozart". Para realizar seu intento, a Musa encarna na figura do confidente de Hoffmann, Nicklausse. O 1º ato de "Don Giovanni" acabou. Luther, o estalajadeiro, ordena aos servidores da taverna que preparem a sala para receber Hoffmann e seus amigos. O Conselheiro Lindorf entra: em troca de dinheiro, ele obtém de Andres, criado de Stella (a cantora de ópera), um bilhete dedicado à Hoffmann, no qual a prima donna expressa seu amor por ele e manda a chave de seu camarim. Rival de Hoffmann no afeto de Stella, Lindorf, que é seu gênio mal, quer roubar seu lugar. Os estudantes chegam e cantam uma canção à glória de Luther e sua adega, antes de beber à saúde de Stella. Eles se surpreendem com a ausência de Hoffmann, que chega logo depois em companhia de Nicklausse. Hoffmann está ranzinza: os estudantes lhe pedem para cantar algo alegre para esquecer a melancolia. Ele canta a balada de Kleinzach, os estudantes o acompanham em coro. Mas, tomado por um súbito devaneio, ele invoca a imagem de alguém que amou, antes de se recuperar e terminar a canção. Perturbado por seu amor, Hoffmann nega que está amando, oque Lindorf energicamente duvida. Uma discussão começa entre os dois homens. Hoffmann está incomodado, porque toda vez que ele encontra Lindorf ele conhece algum tipo de infortúnio. Em Stella, Hoffmann redescobre 3 amores passados, cujas histórias ele se propõe a contar. Os estudantes e Lindorf preferem ouvi-lo à voltar para o segundo ato da ópera.
O 2º Ato, o compositor conta a história de amor por Olypia. O ato inicia no laboratório do cientísta Spalanzani . Enquanto espera a chegada de seus hóspedes, a quem ele irá mostrar os poderes de sua filha Olympia, um autômato, Spalanzani especula sobre o dinheiro que irá ganhar com isso, e que irá indenizar suas perdas pela bancarrotado judeu, Elias. "Desde que", ele assinala, "Coppelius não venha reclamar sua parte na paternidade dela". Hoffmann, que se tornara aluno de Spalanzani, para ficar perto de sua filha, está perdido de amor por ela. Apesar de nunca ter declarado esse amor, ele é aconselhado por Nicklausse a não cantá-lo: infelizmente Spalanzani não gosta de música !Entra Coppelius, um sábio, rival de Spalanzani (na realidade o segundo gênio do mal de Hoffmann), que interrompe os sonhos do amoroso poeta para vender à ele alguns objetos. Levado à distração, Hoffmann compra dele uns óculos mágicos que transformam a realidade. Coppelius, então, exige de Spalanzani, que acabara de entrar,
sua parte sobre Olympia. Spalanzani sai dessa de forma barata, dando à ele letras do banco do judeu, Elias, "um grande negócio", pensa Coppelius. A festa está animada, esperando por Olympia. Os hóspedes, deslumbrados, a saúdam com admiração. Com acompanhamento de uma harpa, ela canta uma canção, durante a qual, várias vezes, é ouvido o som de uma corda sendo dada. Todos saem para cear e dançar, exceto Hoffmann, que fica para falar com Olympia. O poeta dá margem à sua paixão, a qual Nicklausse tenta esfriar. Ele alude ao fato de que Olympia nunca foi um ser vivo, mas Hoffmann cego de amor rejeita essa idéia. Ele se junta aos hóspedes para dançar, com Olympia, uma valsaestonteante, cujo ritmo cada vez mais intenso não consegue manter, desabando, finalmente, em um canapé. Olympia é tirada dali.Nesse meio tempo, Coppelius, que havia descoberto a trapaça de Spalanzani, retorna e, por vingança, esfacela a boneca Olympia em mil pedaços, para desespero de seu "pai". Enquanto Hoffmann reconhece a verdade, e os dois sábios rivais discutem, os hóspedes riem zombeteiramente: "Ele amou um autômato!".
O 3o Ato narra a história de amor envolvendo Antonia. Inicia a história em Munique, na casa do fabricante de violino, Crespel.Antonia, filha de Crespel, está cantando enquanto pensa em Hoffmann, seu amado. Seu pai chega e pede que ela não cante nunca mais, pois isso lhe traz à memória a voz de sua finada esposa. Temendo a influência de Hoffmann, ele ordena à seu criado, Frantz, para que ele não o deixe mais entrar. Frantz se queixa de seu trabalho e revela que ele gosta mesmo é de cantar e dançar, mas não sabe como. Hoffmann chega para rever Antonia. Nicklausse, que está com ele, lhe pede que ouça a alma dos violinos, cuja música "consola as lágrimas". Hoffmann começa a cantar uma velha canção que costumava cantar para Antonia. Ela aparece imediatamente, feliz por reencontrar aquele a quem ama. Ambos cantam um dueto apaixonado, no qual eles afiançam seu amor um ao outro. Juntos eles retomam sua velha canção de amor, e se escondem no momento em que Crespel inesperadamente chega, convencido de ter ouvido sua filha cantar. A chegada do Dr.Miracle é anunciada (mais um gênio do mal de Hoffmann). Isso assusta Crespel, pois esse doutor estava presente no dia da morte de sua esposa. Ele veio para curar Antonia: ele pretende fazer uma escuta e prescrever alguns medicamentos. Crespel, furiosamente, o põe para fora. Hoffmann, ainda escondido, ouviu tudo e se dispõe a salvar Antonia. Para isso, ele a convence a não cantar mais. O Dr. Miracle, magicamente, reaparece, quando Antonia se encontra novamente sozinha. Ele a exorta a voltar atrás emsuas palavras e continuar a cantar. Ele vai ao ponto de invocar a mãe dela, cuja voz é ouvida, perturbando Antonia. Ela, finalmente, se permite ser dissuadida, antes de sucumbir: Miracle aproveita a oportunidade para desaparecer. Quando ela profere um grito, Crespel e Hoffmann chegam, para achá-la morrendo. Um doutor é chamado: Miracle aparece e confirma que ela está morta.
O V ato, conta a história de amor envolvendo Giulietta.O ato se divide em dois quadros. O Primeiro Quadro ocorre em Veneza, em um palácio com vista para o Grande Canal. Giulietta está dando uma festa. Ela e Nicklausse cantam sobre o amor. De sua parte, Hoffmann declara que ele acha embriaguez não no amor, mas no vinho. Entram Schlemil, antigo amante de Giulietta, e Dapertutto - umanova encarnação do gênio do mal de Hoffmann. Com a ajuda de um enorme diamante, Dapertutto seduz Giulietta a tomar parte em sua trama. Ela já tinha, anteriormente, obtido a sombra de Schlemil para ele, e agora, em troca do diamante, deveria obter também a de Hoffmann. Inflamada pelo ciúme que Dapertutto incute nela, Giulietta imediatamente concorda.
A festa continua: Hoffmann joga carta com Schlemil. Excitado pelos olhares de Giulietta, ele deixa a sala de jogos e segue a bela cortesã. Incitado por ela a recuperar a chave que ela havia confiado à Schlemil, Hoffmann é obrigado a aceitar um duelo, para o qual o capitão Dapertutto empresta sua espada, com prazer. Enquanto isso, os gondoleiros continuam suas canções de amor. Segundo Quadro inicia em um elegante boudoir. Giulietta exorta Hoffmann a deixar esse lugar tão rápido quanto possível, pois sua vida corre perigo. Fortificado pela bebedeira, Hoffmann recusa e canta sua paixão. Giulietta ardilmente lhe pede que deixe com ela algo de si,
sua fiel imagem, seu reflexo ! Hoffmann concorda, antes que a cortesã o deixe. Tendo perdido seu reflexo no espelho de Giulietta, Hoffmann entra em colapso, num estado de semi-consciência.
Dapertutto e Pitichinaccio entram, seguidos de Nicklausse, que adverte Hoffmann que o corpo de Schlemil havia sidoencontrado e a morte estava sendo investigada. Mas Hoffmann só reavivará quando alguns hóspedes de Giulietta o incitam a fugir ou enfrentar as forças. Giulietta zomba de Hoffmann que, ainda apaixonado, reluta em partir. Apontando para o espelho, Dapertutto diz aos hóspedes que Hoffmann não tem mais reflexo. Hoffmann amaldiçoa Giulietta, que rebate dizendoque ele é afortunado por ainda estar vivo, e que a imagem dela irá assombrá-lo onde quer que ele vá. Ela despreza Hoffmann, advertindo-o que, se alguém a amar, ela nunca corresponderá a esse amor. Os hóspedes riem, Hoffmann os chama de vampiros. As autoridades entram, o capitão anuncia a morte de Schlemil, Hoffmann confessa o crime e é preso. Após um momento de auto-piedade, consumido pela raiva ele saca um punhal e tenta apunhalar Giulietta. Mas Dapertutto, invocando poderes sobrenaturais, cega Hoffmann que vai de grupo em grupo de
pessoas golpeando o ar em vão. Até que, pensando ter encontrado Giulietta, apunhala Pitichinaccio.Giulietta se joga contra seu cadáver. Hoffmann se exaspera com seu erro e a cortina desce com a risada dos hóspedes.
No V e último Ato é contada a historia de Stella. O ato se inicia na taverna de Mestre Luther. Hoffmann acabou de fazer sua narração. A récita de "D. Giovanni" acabou, e Stella vem à procura de Hoffmann. Tarde demais ! Olympia, Antonia e Giulietta estão todas mortas. "Uma vez extinto, o amor não reacende!". Lindorf se aproveita disso e oferece à Stella seu braço. Hoffmann o detém, e lhe oferece a última estrofe da lenda de Kleinzach. Ridicularizado pelo insulto, Lindorf se retira, furioso, sob as risadas dos estudantes. Hoffmann está determinado a morrer, mas a Musa reaparece e o reprime. "Possa a tempestade de paixões aplacar em você ! Homem não seja mais: poeta renasça! "Todos dirigem um hino ao amor: "Um se faz grande pelo amor, mas maior pelas lágrimas!".

Um comentário:

  1. Assisti ontem essa peça, aqui no teatro Castro Mendes de Campinas, foi maravilhoso.


    Seu resumo também está perfeito!

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