segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Aconteceu na Primavera (I)

Foi como o soprar de uma brisa.
Leve, suave, passageira.
Ele estava ali. Iluminado pelo
sol daquele dia frio. Foi uma
simpatia-antipatia a primeira vista.
Não gosto de tabaco, mas gosto de livros.
Um homem inteligente faz minha cabeça.
Começamos a conversar. Li uma poesia do
Livro que ele trazia nas mãos.
Repeti os últimos versos em voz alta.
Ele anunciou que não era o autor; que o livro
era de autoria de um amigo, seu patrício.
Depois, aquele homem penetrou nos meus pensamentos.
Parecia efeito de algum tipo de magia. Quando estava longe,
eu queria estar perto. Queria tê-lo sempre à minha vista.
Quando estava perto, desejava seu contato,
nem que fossem apenas suas mãos entre as minhas.
Riamos, conversávamos. Andávamos abraçados pelas ruas
semi-desertas daquela cidade perdida no tempo.
Ruas estreitas,calçadas com pedras,
cercadas por casarios coloniais, com grandes
janelas de madeira que nos espiavam passar.
Fazia frio. Eram dias nublados,
mas, dentro de mim, brilhava o sol.
Ele me convidava: “venha esta noite aquecer meus pés”.
Eu respondia:“Queres minhas meias emprestadas.” Sorriamos.
A insinuação de uma noite juntos tornava-se uma brincadeira.
Hoje, gostaria de ter esquentado seus pés.
Coisas não vividas que ficaram na fantasia,
fustigando meus pensamentos.
“Como seria fazer amor com ele?” Pergunto-me.
O desejo, a ternura, e um sentimento sem nome me tomam...
Alguma coisa, por dentro, me dói, me rói, me corrói.
Ele tinha algo de improvável, que o tornava muito interessante.
Os dias se passaram.
Chegou o fim daquele interlúdio lúdico na
rotina entediante da minha solidão.
Com um beijo, nos despedimos...
Seguimos nos trilhos do esquecimento.
Eu o esqueço a cada dia...
E me pergunto se ele se lembra de mim.
É. A vida é assim. Sigamos a todo galope!

(Tereza da Praia)

Um comentário:

  1. Uau!1Este espaço ficou divino.
    Eu falo!!Faz artes, faz arte, art manha..artista querida..
    Abraço de sua amiga
    Anna

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